Revisão Bibliográfica: Autismo em Mulheres
Revisão Bibliográfica: Autismo em Mulheres
Introdução
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição neurológica que afeta a comunicação, comportamento e interação social. Estudos mostram que o autismo é mais frequentemente diagnosticado em homens do que em mulheres, o que levanta questões sobre diferenças de gênero na manifestação e diagnóstico do TEA. Esta revisão bibliográfica visa explorar as barreiras e desafios enfrentados por meninas e mulheres autistas, além de discutir os fatores que influenciam o diagnóstico e as implicações para a saúde física e mental.
Diferenças de Gênero no Diagnóstico do TEA
Hull et al. (2020) apontam que as ferramentas de diagnóstico do TEA foram desenvolvidas predominantemente com base em estudos focados em homens, o que pode não ser suficientemente sensível para capturar a apresentação do autismo em mulheres. Além disso, meninas e mulheres muitas vezes utilizam estratégias de camuflagem para mascarar os sintomas, como imitar expressões faciais e suprimir comportamentos repetitivos, o que pode levar a diagnósticos errados ou atrasados (Hull, Petrides e Mandy, 2020).
Ferramentas de diagnóstico e critérios foram desenvolvidos principalmente com base em estudos focados em homens, o que pode não ser sensível o suficiente para capturar a apresentação do autismo em mulheres" (HULL; PETRIDES; MANDY, 2020).
Camuflagem de Sintomas
A revisão de Lockwood-Estrin et al. (2020) destaca que a camuflagem de sintomas é uma estratégia comum entre meninas e mulheres autistas. Esta prática envolve a imitação de comportamentos sociais neurotípicos e a supressão de comportamentos autistas, o que pode dificultar a identificação e o diagnóstico do TEA. A camuflagem pode resultar em um maior desgaste emocional e físico, levando a diagnósticos tardios e um maior impacto negativo na saúde mental dessas mulheres.
Meninas e mulheres muitas vezes utilizam estratégias de camuflagem para mascarar sintomas de TEA, como imitar expressões faciais e suprimir comportamentos repetitivos, o que pode levar a diagnósticos errados ou atrasados" (LOCKWOOD-ESTRIN et al., 2020).
Desafios de Saúde Física em Mulheres Autistas
Kassee et al. (2020) conduziram uma revisão de escopo para entender melhor a saúde física de meninas e mulheres autistas. Os resultados indicam que essas mulheres enfrentam mais desafios de saúde física em comparação com mulheres não autistas e homens autistas. Evidências sugerem uma maior prevalência de epilepsia e condições de saúde endócrina e reprodutiva em meninas e mulheres autistas.
Meninas/mulheres autistas enfrentam mais desafios de saúde física em comparação com meninas/mulheres não autistas e meninos/homens autistas" (KASSEE et al., 2020).
Problemas Comportamentais e Habilidades de Comunicação Social
Lockwood-Estrin et al. (2020) identificam problemas comportamentais e habilidades de comunicação social como barreiras significativas para o diagnóstico do TEA em meninas. Enquanto meninos são mais frequentemente diagnosticados com problemas como agressividade e hiperatividade, meninas podem apresentar comportamentos como fixação do olhar e atividades semelhantes a convulsões, que são menos associadas ao TEA. Além disso, meninas podem mascarar suas dificuldades sociais melhor que os meninos, dificultando a detecção de TEA.
Problemas comportamentais e habilidades de comunicação social são barreiras significativas para o diagnóstico do TEA em meninas" (LOCKWOOD-ESTRIN et al., 2020).
Impacto dos Fatores Socioculturais
A percepção de que o TEA é um "transtorno de meninos" pode levar a diagnósticos tardios ou inexistentes em meninas (Hull, Petrides e Mandy, 2020). Normas de gênero e expectativas sociais influenciam como os sintomas de TEA são percebidos e relatados em mulheres, resultando em subdiagnóstico e falta de suporte adequado.
A percepção de que o TEA é um 'transtorno de meninos' pode levar a diagnósticos tardios ou inexistentes em meninas" (HULL; PETRIDES; MANDY, 2020).
Conclusão
Esta revisão destaca a necessidade urgente de maior conscientização sobre o TEA em meninas e mulheres, tanto no público quanto entre os profissionais de saúde. As ferramentas de diagnóstico devem ser ajustadas para melhor captar o fenótipo feminino do TEA, e os profissionais de saúde devem ser treinados para reconhecer melhor o TEA em mulheres. Estudos futuros devem incluir uma perspectiva de saúde feminina ao fornecer cuidados clínicos a meninas e mulheres autistas.
Referências
HULL, Laura; PETRIDES, K. V.; MANDY, William. Barriers to Autism Spectrum Disorder Diagnosis for Young Women and Girls: a Systematic Review. *Review Journal of Autism and Developmental Disorders*, 2020. DOI: 10.1007/s40489-020-00225-8.
LOCKWOOD-ESTRIN, Georgia et al. Barriers to Autism Spectrum Disorder Diagnosis for Young Women and Girls: a Systematic Review. *Review Journal of Autism and Developmental Disorders*, 2020. DOI: 10.1007/s40489-020-00225-8.
KASSEE, Caroline et al. Physical health of autistic girls and women: a scoping review. *Molecular Autism*, 2020. DOI: 10.1186/s13229-020-00380-z.