O que é o Autismo?
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição do neurodesenvolvimento que influencia a forma como a pessoa percebe o mundo, se comunica e se relaciona. O termo “espectro” mostra que não existe apenas um tipo de autismo, mas diferentes formas de se manifestar, que podem variar de pessoa para pessoa.
Por que o autismo é mais comum em homens?
Pesquisas mostram que o diagnóstico de autismo é mais frequente em homens do que em mulheres. Durante muito tempo, acreditou-se que a proporção era de quatro homens para cada mulher diagnosticada. Hoje, estudos mais recentes apontam que a diferença pode ser menor, em torno de três para um (LOOMES; HULL; MANDY, 2017).
Isso significa que o autismo realmente aparece mais em homens, mas também que muitas mulheres podem estar sendo subdiagnosticadas, justamente porque os critérios de avaliação foram construídos, em grande parte, com base em pesquisas feitas com homens.
Fatores biológicos e genéticos
Uma das explicações é que o cérebro dos homens parece ser mais vulnerável a alterações ligadas ao autismo. O pesquisador Simon Baron-Cohen desenvolveu a chamada “Teoria do Cérebro Masculino Extremo”, que sugere que homens com autismo apresentam um perfil cerebral ainda mais “masculino”, com maior foco em lógica e padrões, mas menos voltado para empatia e relacionamentos (BARON-COHEN et al., 2011).
Outro ponto importante é a influência dos hormônios, principalmente da testosterona, durante a gestação. Estudos indicam que níveis mais altos desse hormônio podem estar ligados ao desenvolvimento de características do espectro autista (MILTON et al., 2008).
Por que os homens são diagnosticados mais cedo?
Os sinais de autismo em homens costumam ser mais visíveis desde a infância. É comum que apresentem interesses muito restritos, dificuldades de interação social e comportamentos repetitivos. Já as mulheres, muitas vezes, conseguem “camuflar” esses sinais, o que atrasa o diagnóstico (WERLING; GESCHWIND, 2013).
O que isso significa na prática?
- Para as famílias: entender que o diagnóstico em homens é mais frequente pode ajudar a reconhecer os sinais mais cedo.
- Para os profissionais: reforça a importância de observar também sinais em meninas e mulheres, que podem ser diferentes.
- Para a sociedade: lembrar que o autismo não tem “cara de menino” ou “cara de menina”, mas se manifesta de formas diversas em todos os gêneros.
Conclusão
O autismo em homens é mais comum, mas isso não significa que seja exclusivo. Compreender as diferenças entre os gêneros ajuda a evitar atrasos no diagnóstico e a oferecer um acompanhamento mais justo e adequado. O mais importante é garantir que cada pessoa, homem ou mulher, receba o apoio necessário para se desenvolver da melhor forma possível.
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Referências
- BARON-COHEN, S. et al. Is ASC an Extreme Expression of the Male Brain? PLoS Biology, v. 9, n. 6, e1001081, 2011.
- LOOMES, R.; HULL, L.; MANDY, W. P. L. What Is the Male-to-Female Ratio in Autism Spectrum Disorder? A Systematic Review and Meta-Analysis. Journal of the American Academy of Child & Adolescent Psychiatry, v. 56, n. 6, p. 466–474, 2017.
- MILTON, D. E. M. et al. Fetal testosterone and autistic traits. PLoS ONE, v. 3, n. 6, e2285, 2008.
- WERLING, D. M.; GESCHWIND, D. H. Sex differences in autism spectrum disorders. Current Opinion in Neurology, v. 26, n. 2, p. 146-153, 2013.