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A Abordagem Existencialista em Psicoterapia: Fundamentos e Prática Clínica

A Abordagem Existencialista em Psicoterapia: Fundamentos e Prática Clínica

A psicoterapia existencialista representa uma vertente clínica fundamentada em bases filosóficas profundas, notadamente oriundas da fenomenologia de Edmund Husserl, da ontologia de Martin Heidegger e da filosofia da liberdade de Jean-Paul Sartre. Em oposição aos modelos psicopatológicos tradicionais, essa abordagem não visa curar a doença mental, mas facilitar a tomada de consciência do sujeito sobre seu modo de existir, suas escolhas, sua liberdade e suas possibilidades.

Fundamentos Filosóficos da Psicoterapia Existencial

O fundamento da psicoterapia existencial é a compreensão do ser humano como um ente situado no mundo, em constante construção e responsabilização. Heidegger (2002) introduz o conceito de "ser-aí" (Dasein), cuja estrutura básica é o cuidado (Sorge), compreendido como o modo de ser do humano em relação a si, ao outro e ao mundo. A psicoterapia torna-se, assim, um espaço para que o paciente possa recuperar o cuidado de si, em sua singularidade e totalidade.

Jean-Paul Sartre (1978), por sua vez, destaca a liberdade como condição constitutiva do humano, sendo este o autor de seu projeto de ser. Assim, a psicoterapia sartreana propõe uma intervenção que visa desvelar os condicionantes e permitir ao indivíduo reposicionar-se em seu projeto, escolhendo responsavelmente seu futuro.

A Clínica do Cuidado: O Modelo Heideggeriano

Silva e Lessa (2021) desenvolvem a idéia de uma clínica do cuidado, ancorada na analítica existencial de Heidegger. Essa abordagem compreende a experiência clínica como um espaço de escuta, compreensão e descrição do modo de ser do paciente, permitindo-lhe retomar o processo de construir-se como ser próprio. A psicoterapia é vista como instrumento de abertura para uma existência mais autentica, onde o sujeito possa assumir a responsabilidade por seu modo de ser e confrontar-se com as inevitabilidades da existência, como a morte, a liberdade, a solidão e a falta de sentido.

Psicoterapia Existencial na Prática Clínica

Na prática clínica, a abordagem existencial é menos centrada em sintomas e mais voltada para a história do paciente e o sentido de sua existência. Pretto, Langaro e Santos (2009) relatam uma experiência de atuação em psicologia clínica existencialista em uma clínica da atenção básica do SUS, demonstrando a aplicabilidade da abordagem mesmo em contextos de vulnerabilidade social. O foco é facilitar que o sujeito se reconcilie com sua história e vislumbre novos sentidos para sua vida.

Teixeira (2006) complementa esse entendimento ao propor que a psicoterapia existencial visa a promover autenticidade, ampliar a consciência e possibilitar novas formas de se relacionar com o mundo. A intervenção terapêutica é concebida como um convite à reconstrução de sentido, à liberdade e à responsabilidade.

A abordagem existencialista em psicoterapia configura-se como uma prática clínica comprometida com a escuta do ser humano em sua inteireza. Em vez de rotular ou normatizar o sofrimento, propõe compreendê-lo como expressão do modo de ser do paciente diante dos desafios do existir. Ao acolher a liberdade, a responsabilidade e a angústia, a psicoterapia existencial torna-se um caminho para a construção de uma vida com mais sentido e autenticidade.

Se você deseja iniciar um atendimento com a abordagem existencialista, entre em contato com a clínica Psicólogo Floripa Ltda. pelo Whatsapp (48) 99947-3675, localizada no endereço Torre 1 - Av. Rio Branco, N° 404 - Sala 1207 - Centro, Florianópolis - SC, 88015-200.

Referências

PRETTO, Zuleica; LANGARO, Fabíola; SANTOS, Geórgia Bunn. Psicologia clínica existencialista na atenção básica à saúde: um relato de atuação. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 29, n. 2, p. 394-405, 2009.

SILVA, Clóvis Lopes da; LESSA, Jadir Machado. O conceito de cuidado na psicoterapia fenomenológico-existencial. São Luís: EDUFMA, 2021.

TEIXEIRA, José A. C. Introdução à psicoterapia existencial. Análise Psicológica, v. 24, n. 3, p. 289-309, 2006.

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