O transtorno de acumulação, também conhecido como hoarding disorder, é uma condição reconhecida oficialmente pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-5 (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014). Caracteriza-se pela dificuldade persistente em descartar ou se desfazer de bens, mesmo aqueles com pouco ou nenhum valor real. Tal comportamento leva ao acúmulo excessivo de objetos, que compromete os espaços da casa e dificulta sua utilização adequada, afetando significativamente a vida cotidiana e o bem-estar do indivíduo.
É importante distinguir o transtorno de acumulação do colecionismo. Enquanto o colecionador organiza objetos de valor percebido e mantém controle sobre suas coleções, o acumulador vive em ambientes desorganizados, com dificuldade de acesso a espaços funcionais da casa, como a cama, a cozinha ou o banheiro (FROST; STEKETEE, 2010).
Segundo os critérios do DSM-5 (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014), o transtorno de acumulação envolve:
- Dificuldade persistente em se desfazer ou separar de posses;
- Forte necessidade de guardar os itens e sofrimento ao considerar o descarte;
- Acúmulo de objetos que congestiona áreas habitacionais;
- Sofrimento clínico significativo ou prejuízo no funcionamento social, ocupacional ou outras áreas importantes da vida;
- Exclusão de outras condições médicas ou transtornos mentais como causa principal.
Causas e Comorbidades
Embora as causas exatas do transtorno ainda estejam em estudo, pesquisas sugerem a influência de fatores genéticos, ambientais e experiências de vida traumáticas (PERTUSA et al., 2010). Além disso, indivíduos com esse transtorno frequentemente apresentam comorbidades, como transtornos de ansiedade, depressão, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) (MATAIX-COLS et al., 2013).
Tratamento
O tratamento do transtorno de acumulação é realizado prioritariamente por meio de psicoterapia, que tem se mostrado eficaz na redução dos comportamentos de acúmulo, na melhoria da organização do ambiente e na reestruturação da relação do indivíduo com os objetos. Durante o processo terapêutico, o paciente é auxiliado a refletir sobre o valor e a utilidade dos itens guardados, enfrentando gradualmente a ansiedade associada ao descarte e desenvolvendo estratégias para lidar com o medo da perda, o apego emocional e as dificuldades na tomada de decisão (FROST; STEKETEE, 2010; PERTUSA et al., 2010).
A psicoterapia também trabalha o desenvolvimento de habilidades práticas para a organização do espaço e o enfrentamento das consequências emocionais associadas à acumulação, além de abordar aspectos relacionais e sociais impactados pelo transtorno (MATAIX-COLS et al., 2013). O acompanhamento contínuo é fundamental, visto que a recaída é possível sem suporte terapêutico adequado e estruturado (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014).
Considerações Finais
O transtorno de acumulação é um transtorno sério e debilitante, que frequentemente passa despercebido por familiares e profissionais. A intervenção especializada é essencial para melhorar a qualidade de vida do paciente, restaurar o uso funcional do ambiente doméstico e promover o equilíbrio emocional. Caso você identifique sinais desse transtorno em si ou em alguém próximo, a busca por ajuda psicológica é o primeiro passo para a mudança.
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Referências
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais: DSM-5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
FROST, R. O.; STEKETEE, G. Stuff: Compulsive Hoarding and the Meaning of Things. New York: Houghton Mifflin Harcourt, 2010.
MATAIX-COLS, D. et al. The link between hoarding and obsessive-compulsive disorder: A review. Depression and Anxiety, v. 30, n. 4, p. 271–282, 2013.
PERTUSA, A. et al. Refining the diagnostic boundaries of compulsive hoarding: A critical review. Clinical Psychology Review, v. 30, n. 4, p. 371–386, 2010.