Você já ouviu falar em burnout autista? Entenda esse novo conceito e como avaliá-lo

Resumo do artigo: Towards the measurement of autistic burnout
Arnold et al. (2023)

Este estudo pioneiro buscou desenvolver e validar ferramentas para mensuração do esgotamento autista (autistic burnout), condição amplamente reportada por adultos autistas, mas ainda pouco reconhecida na literatura científica. Realizado na Austrália, o estudo contou com a participação de 141 adultos autistas com histórico de burnout, e teve como principais objetivos validar a AASPIRE Autistic Burnout Measure (AABM), construir a Autistic Burnout Severity Items (ABSI) e identificar fatores associados à gravidade do fenômeno.

A introdução contextualiza o burnout autista como uma condição distinta de depressão ou burnout ocupacional, caracterizada por exaustão, retraimento social, sobrecarga cognitiva e intensificação dos traços autistas. O artigo destaca o papel da camuflagem social (masking) como importante fator predisponente, bem como a sobrecarga sensorial, dificuldades de interocepção e alexitimia.

A metodologia baseou-se em um levantamento online com instrumentos validados (PHQ-9, CAT-Q, AQ, GSQ, PAQ, entre outros) e em questionários criados pelos autores (ABSI e AABM). A ABSI foi construída com base em 48 itens originais, reduzidos a 20 após análise fatorial exploratória, organizados em quatro fatores: Exaustão, Perturbação Cognitiva, Autoconsciência Autista Aumentada e Sobrecarga e Retraimento. A AABM, por sua vez, foi aplicada em sua versão preliminar, com base na definição de Raymaker et al. (2020).

Os resultados indicaram forte correlação entre burnout autista e sintomas de depressão, além de associação significativa com camuflagem (CAT-Q). No entanto, a AABM mostrou menor sensibilidade para discriminar entre indivíduos em burnout atual e aqueles em recuperação. A ABSI demonstrou maior consistência interna e foi mais sensível às variações nos sintomas.

A discussão aponta a necessidade urgente de diferenciar burnout autista de depressão, shutdowns e inércia, sugerindo a existência de uma síndrome de exaustão autista com especificidades próprias. O estudo alerta para o risco de diagnósticos equivocados e propõe a criação de ferramentas clínicas mais eficazes, bem como políticas públicas que acolham e reduzam os fatores de estresse na vida de pessoas autistas.

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Referência em ABNT:

ARNOLD, Samuel R. C. et al. Towards the measurement of autistic burnout. Autism, Online First, 2023. DOI: https://doi.org/10.1177/13623613221147401.

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